A ORDEM DOS ADVOGADOS VAI PROCESSAR O ESTADO MOÇAMBICANO

 


A Ordem dos Advogados de Moçambique vai processar o Estado Moçambicano e os agentes da Polícia da República de Moçambique no distrito de Mecanhelas, na província de Niassa,  por agressão ao advogado e presidente do Conselho Provincial da Ordem dos Advogados em Niassa, quando defendia manifestantes detidos ilegalmente naquele distrito.

A Ordem dos Advogados acusa a Polícia da República de Moçambique em Mecanhelas, na província de Niassa, de violentar presidente do Conselho Provincial da agremiação em Niassa. 

De acordo com uma nota de repúdio, assinada pelo Bastonário Carlos Martins, o facto ocorreu no dia 31 de Outubro, quando o advogado, de nome Celso Mendonça Diogo, estava em serviço, ao ser indicado para:

“Auscultar as instituições do sistema de administração da justiça sobre o seguimento do caso de baleamento de seis manifestantes, ocorrido no dia 25 de Outubro deste ano; Prestar assistência aos cidadãos envolvidos na manifestação, eventualmente detidos em conexão com as aludidas manifestações e fiscalizar e salvaguardar o respeito pelos direitos humanos; Reunir com os colegas do distrito de Cuamba, para dar o devido seguimento aos casos identificados”, lê-se na documento.

A nota relata que Celso Diogo foi agredido fisicamente, após a sua intervenção junto da procuradoria provincial para a soltura de seis manifestantes que tinham sido detidos, sob acusação de incitação à violência.  

A soltura dos detidos foi marcada por alguma agitação, que obrigou o advogado a intervir para acalmar os ânimos.

“Ocorre que, quando o Ilustre colega se fez à via pública, com o objectivo de acalmar os ânimos dos manifestantes, a cerca de 300 metros do Comando Distrital, o advogado, acompanhado pelos seis, manifestantes ora restituídos à liberdade, foi interpelado por uma viatura da PRM, da qual desceram seis membros da PRM e, com recurso à força, introduziram o advogado na viatura e começaram a agredi-lo física e brutalmente. Acto contínuo, a viatura da PRM dirigiu-se ao Comando Distrital. Durante o percurso, as agressões ao advogado foram se intensificando até ao comando, onde as agressões prosseguiram”, explica.

 Diante dos factos, a Ordem dos Advogados não tem dúvidas de que esta e outras acções perpetradas por quem deveria proteger o cidadão são actos atentatório aos mais elementares direitos do Estado de Direito Democrático, principalmente porque os Estatutos da Ordem dos Advogados de Moçambique  indicam que:

“O mandato judicial, a representação e assistência por advogado ou advogado estagiário são sempre admissíveis e não podem ser impedidos perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade pública ou privada, nomeadamente para a defesa de direitos, patrocínio de situações jurídicas controvertidas, composição de interesses ou em processos de mera averiguação, ainda que administrativa, oficiosa ou de qualquer outra natureza”.

Por isso, a ordem promete reagir, reiterando que  “actos de brutalidade e intimidatórios, como o ocorrido, não serão tolerados nem admitidos. Tal como está em curso em relação ao assassinato do Dr. Elvino Dias, a Ordem dos Advogados de Moçambique irá constituir-se em assistente no processo de agressão e ameaças à morte sofridas pelo colega Dr. Celso Diogo, com a instauração do processo-crime e cível, para a responsabilização dos autores deste acto macabro, bem como do Estado moçambicano. Já estão identificados parte dos polícias agressores e as acções para a sua responsabilização estão em curso, incluindo administrativamente. É tempo de dizer basta!”. 

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